27 julho, 2009

Teto. Morada do Sol.
Seu canto. Spatium. Pasto.
Dona de casa ávida. Suas tristezas escondidas.
Suas lágrimas solitária ao cortar cebola.
Onde você se veste e guarda amores.

Ou o faz.

Você sozinho seu teto seu lugar sua bagunça. Sua casa.
Você e seus pertences.
Chuva ou Sol. Quente ou frio.

Cheio de si ou de outro.

Elenise Penha

26 julho, 2009

Melanc(ol)ia



A palavra melancolia

me lembra melancia

mas esta é um riso só.


Elenise Penha

13 julho, 2009

Queixa-se o poeta em que o mundo vai errado, e querendo emendá-lo o tem por empresa dificultosa
Gregório de Matos e Guerra


Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo. (...)

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos. (...)



08 julho, 2009

Negro preto cor da noite,
Nunca te esqueças do açoite
Que cruciou tua raça.
Em nome dela somente
Faze com que nossa gente
Um dia gente se faça!

Lino Guedes

não sou a manhã nem a noite
talvez o entardecer
suas nuances amarelas,
seus cabelos vermelhos a crescer

sou inferno e céu
sossego negado, de sol a sol
pestanas e pele torradas
fogueira santa de sonhos


a noite veio antes de mim, foi de onde eu nasci
e a ela retorno
por causa das manhãs


Elenise Penha

(não) neg(r)o

Dedicatória a quem convém

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho lind(o)
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...

Dialética, Vinícius de Moraes

03 julho, 2009

um abril modificado

olhos os hematomas que tenho
e a bagunça que carrego
penso no futuro,
como se fosse hoje
bagunça
toda essa bagunça em que vivo
espalhada aos quatro cantos
me dão nos nervos
(coisa que deixei de ter a partir do momento em que soube de que eram feitos)
o tempo me tortura
e se esvai
escorre por entre os meus dedos
sem eu ao menos tocar
as paredes sempre mudam
o espelho não mais vejo
tudo aperta cada vez mais
então vem...

a raiva

... e a fraqueza

e os dias continuam gritando...

Elenise Penha
“Não conheço prazer como o dos livros, e pouco leio. Os livros são apresentações aos sonhos, e não precisa de apresentações quem, com a facilidade da vida, entre em conversa com eles. Nunca pude ler um livro com entrega a ele; sempre, a cada passo, o comentário da inteligência ou da imaginação me estorvou a seqüência da própria narrativa. No fim de minutos, quem escrevia era eu, e o que estava escrito não estava em parte alguma.”

Fernando Pessoa